domingo, 7 de abril de 2013

CONSTRUINDO UMA VISÃO CRIACIONISTA DO MUNDO

INTRODUÇÃO

Construir visões é bem próprio do ser humano, entendendo-se por visões modos de ver as cousas.
Bem cedo na vida, na infância, no lar, na rua e em outras partes começam a ser construídas visões. Geralmente simples, limitadas, podendo, contudo ser até bem coloridas.
Com a escolarização, com o ajustamento existencial, com a interação humana, com a reflexão que pode acompanhar o correr dos anos, as visões vão sendo alargadas, aprofundadas e complicadas.
O ver, o contemplar, o imaginar, vão sendo permeadas e completados pelo enxergar, ou seja, a percepção passa a ser permeada ou mesmo dirigida pela razão.
Nesse estágio, uma visão seria um modo de ver e pensar o mundo. Nessa fase, visões podem vir a ser marcadas por pressuposições pessoais que atuam como molduras, influenciando assim os fatos considerados dentro da visão construída. Assim, pessoas diferentes podem olhar o mesmo mundo e construir visões diferentes.
Na construção de visões do mundo, uma preocupação que pode surgir diz respeito ao problema das origens. Como tudo começou?
Logo surgem pressuposições, algumas colocando o acaso na origem de tudo, outras colocando um Criador, marcando assim as visões construídas.
Quando o acaso é colocado na origem, segundo muitas visões, tudo que existe teria se originado, organizado e evoluído a partir de uma expansão ou explosão inicial de algo remoto no passado, ideia originalmente sugerida pelo padre Lemaitre.
Assim surge, por exemplo, A Teoria do Big Bang afirmando a explosão no remoto passado de um gás quente e denso de partículas elementares.
Numa versão proposta pelo astrônomo George Glamow em 1947, teria explodido um núcleo primordial de nêutrons concentrados em densidade fantasticamente grande (10 g/cm). Justamente nesse tempo eu cursava a disciplina “Física Teórica” na USP.
Na visão de Alfen, tudo teria começado com a expansão (sem explosão) de uma mistura discreta de prótons, antiprótons, elétrons e pósitrons que ele chamava de ambiplasma.
Aplicando uma linguagem mais moderna à teoria do Big Bang, dizem os cosmólogos que teria explodido uma “singularidade”, ou seja, uma região de densidade, temperatura e curvatura infinitas onde as leis da Física não teriam validade.
Ocorrida há uns 18 bilhões de anos, dos redemoinhos da grande explosão, finalmente teriam surgido os diversos elementos e as próprias galáxias e até gente.
Convém lembrar que a ciência não tem condições metodológicas para estudar eventos singulares, não repetíveis como seria o caso da origem do universo ou da origem da vida.
A ciência cogita mais de regularidades observáveis e repetíveis, cogita mais do como as cousas funcionam e não do como elas se originaram. Se nos domínios da ciência a ordem é primeiro ver para depois crer, quando se cogita de singularidades parece que o caminho é crer para depois ver. Singularidades parecem estar num contexto supernaturalista. As leis naturais conhecidas parecem insuficientes para explicar o mundo.
Na teoria de Fred Hoyle (Universo em Estado Estacionário) o universo se expandiria mantendo constante sua densidade com a “contínua criação” de átomos de hidrogênio em supostos “campos de forca”.
Muitas outras hipóteses relativas a origens foram levantadas, muitas delas cogitando apenas da origem do sistema solar. Contudo hoje a atenção se concentra mais na hipótese de uma explosão inicial para explicar a origem do Universo.

CRIACIONISMO
A esta altura caberia a pergunta: teria mesmo sido assim?
Seria a origem casual seguida de processos evolutivos a melhor moldura para a visão de um mundo de bilhões de galáxias, muitas delas com dezenas de bilhões de estrelas?
Seria essa a melhor hipótese para explicar a origem da vida em nosso planeta? E para a origem do homem, tão singular, com uma bagagem genética contendo informações que dizem corresponder a um trilhão de bits?
Em face do problema das origens, há outra opção que pode ser considerada.
É a opção criacionista servindo como moldura para a construção de uma visão do mundo.
O criacionismo se apoia numa visão teísta e finalista ou planejada do mundo conforme revelada pela Bíblia. Numa tal visão se parte do princípio fundamental da Teologia que afirma: Existe Deus e Ele escolheu revelar-se e o fez através de sua obra (universo, mundo natural, mundo moral) através de um livro (Bíblia) e através de uma pessoa (Jesus Cristo).
O criacionismo também se apoia em evidências, muitas delas de caráter científico, que sugerem fortemente que o acaso não pode estar atrás da origem das cousas e dos seres.
Segundo a visão criacionista, os seres e as cousas foram criadas por Deus em atos criativos especiais e no caso do planeta Terra, esta criação teve lugar numa semana literal de sete dias.
Os seres foram criados perfeitos de acordo com o plano original do Criador, segundo formas ou tipos básicos de vida (min, em Hebraico, na Bíblia) e tais que mudanças, sejam mutações ou respostas a ações ambientais desde então ocorridas, não ultrapassem seus limites originais. Cada ser se multiplicando “conforme sua espécie” (min), de acordo com a linguagem bíblica.
O fato do homem deliberadamente ter-se separado do Criador, resultou num processo geral de desordenamento e decadência que atinge as cousas e os seres criados e que só poderá definitivamente ser sustado e revertido por nova ação direta do Criador.
Posteriormente, segundo o relato bíblico, em razão do aumento da desordem e da violência, o mundo foi destruído por um dilúvio universal conhecido também por “Dilúvio de Noé”.
Aqui temos o aspecto catastrófico do criacionismo também fazendo parte da visão criacionista construída para explicar origens.
Uma razão forte para construir uma visão criacionista é o enorme conjunto de evidências favorecendo a ideia da existência de desígnio e planejamento do mundo.
A probabilidade do acaso ser uma explicação plausível para as origens em face de tão grande conjunto de evidências é praticamente nula, pois caso contrário o acaso seria como um verdadeiro deus. Por isso na visão criacionista não pode ser aceito o processo sumário de banimento do sobrenatural, como procura fazer a “ciência” moderna.
Havendo desígnio inteligente atrás de tudo, deve haver Alguém como Deus, no âmago do problema das origens, inclusive na origem ou criação de seres racionais. Em um mundo assim não é possível que Deus não tenha se revelado aos seres inteligentes que criou.
Transparece então o importante papel da Bíblia no processo de construção de uma visão criacionista do mundo.
Por sua vez, as implicações de muitas afirmações bíblicas relativas às origens e ao Dilúvio Universal podem ser testadas cientificamente permitindo assim maior confiança na visão construída.
Ao ser construída a visão criacionista, é importante também considerar a fraqueza de muitas alternativas providas pelo naturalismo evolucionista ao encarar a complexidade da natureza, fatos notáveis da biologia molecular, a maravilhosa adequação dos ambientes aos seres vivos na forma de um ajuste fino, a singularidade do homem, e o significado da própria existência humana.
É tudo demasiado intrincado para que tenha surgido acidentalmente. As leis naturais e a percepção sensorial não parecem suficientes para explicar o mundo.
Não parece fácil sustentar a premissa de que só é real o observável, implicando a exclusão pura e simples do sobrenatural.

PREMISSA BÁSICA DO CRIACIONISMO BÍBLICO

No princípio criou Deus o céu e a terra! Gen. 1:1. Este é o ABC do criacionismo.
Considerando a proposição no seu sentido geral concluímos:
No princípio Deus criou o universo.
Antes do princípio não havia universo.
Mas antes do princípio existia Deus pois ele deu princípio ao universo.
Antes do princípio também não havia tempo. Não houve uma criação no tempo.
Houve antes uma criação do tempo e também do espaço.
Convém lembrar que a existência do tempo, marca as entidades criadas, seres e cousas. Nada que foi criado escapa à ação entrópica (degradação) do tempo.
Só Deus o Criador está acima e além do tempo. Para Deus tudo é como um eterno presente e só ele pode preservar tudo o que foi criado.
Deus criou sem usar matéria pré-existente e sem usar partes de sua própria substância.
Deus não é imanente à sua criação. Ele está acima e além do universo criado.
Também é bom realçar que Deus não criou o Universo a partir do nada (do nada, nada vem).
Deus criou o Universo com seu poder, de um “estado de nada” para um “estado de algo”. Ele é o Deus Todo-Poderoso! El Shaddai.
Considerações em torno da palavra princípio – Muitos materialistas e semelhantes não aceitam a ideia de um princípio. Isso os incomoda e a razão é simples.
Se o universo teve um princípio, então ele é causado e se é causado então deve haver um agente causador (princípio da causalidade) ou caso contrário, haveria uma causalidade sem causa, o que também é complicado.
No caso do universo, pelo que dele entendemos, só Alguém como Deus pode tê-lo causado e isso repugna a ateus e anti-tístas.
Um bom exemplo temos nas palavras do grande físico Arthur Eddington: filosoficamente a ideia do início da atual ordem da natureza é repugnante para mim. Gostaria de encontrar uma saída genuína (Herreen p.81).
Uma saída proposta tem sido admitir a eternidade da matéria com capacidade de auto organizar-se ou seja de evoluir.
Contudo a lei da entropia, expressa no 2º princípio da termodinâmica, que implica numa tendência natural para o desordenamento de sistemas isolados deixados a si (caso do universo) legisla contra essa ideia.
Se o universo fosse eterno, já teria atingido o estado de máximo desordenamento, ou seja, o fim.
Contudo, não é o que se vê. Basta observar que a dissipação universal da energia estelar continua, pois as estrelas continuam brilhando.
Teoria do Big Bang e a ideia de princípio – A teoria afirma que uma explosão inicial teria dado origem ao universo.
Teve e tem muita aceitação nos diversos meios da intelectualidade, inclusive de teistas.
Tem sido apresentada de diversas maneiras desde a sua origem.
Uma forma recente admite que a matéria e energia do universo estavam condensados em um ponto (micro ponto) chamado alfa e o ômega (uma singularidade) que um dia se expandiu (explodiu).
Cabe perguntar porque esse alfa e ômega explodiu a 13 bilhões de anos?
Como com a sua explosão o universo teria se originado com sua estrutura como o conhecemos?
Apesar da aceitação muitos propendiam a aceitar a teoria com reservas porque ela também sugere a ideia de um princípio e isso não agrada a materialistas e semelhantes.
Alguns chegaram a propor uma solução conciliadora assumindo um estado de “pré big bang” com matéria eterna e inativa, mas com ínfima probabilidade de sofrer uma perturbação quântica que conduziria à explosão.
Como se vê, nesse caso o universo teria surgido de uma ínfima probabilidade ou então de uma alta improbabilidade que teria se tornado possível graças ao acaso.
Quão provável é o altamente improvável é uma boa pergunta a ser feita no contexto do big bang e também em muitos outros contextos evolucionistas relativos a origens.
O Mundo do Princípio – Depois da criação no princípio o relato bíblico informa: a terra era sem forma e vazia, havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas, Gen.1:2.
O mundo do princípio era um mundo escuro e coberto pela água.
É interessante que várias cosmogonias de povos antigos fazem referência a massas inicialmente aquosas no mundo.
Por exemplo, na Cosmogonia Egípcia de Heliópolis uma massa aquosa com os germes de todas as cousas pré-existia no princípio. Da sua união com o espírito se formou o ovo cósmico do qual surgiu Ra, o grande deus solar que criou outras divindades e as cousas. Outros exemplos poderiam ser dados.
É interessante considerar que no princípio massas aquosas continham germes de tudo. Era o próprio cosmos produzindo deuses, seres e cousas a partir do caos.
A vida era tida como tendo começado na água e hoje como tendo começado no mar. (De fato os fósseis dos primeiros terrenos da coluna geológica são marinhos).
Também hoje se ouve ou se lê que a vida teria começado na água, numa poça de água quente estagnada a beira de um vulcão sob o bombardeio de nuvens relampejantes.
Conclusão – Segundo o texto bíblico o planeta no princípio estava coberto pela água aguardando a ação criativa da Divindade. E depois, no quinto dia da criação os primeiros seres animais criados surgiram na água de acordo com Gen. 1:20 que diz: povoem-se as águas de enxames de seres viventes...
Esse fato parece estar atrás das ideias das massas de água das antigas cosmogonias.
A Criação. Surge o Mundo que então era – Usando a terminologia do apóstolo Pedro (II Pedro 3:6) sabemos que o mundo que então era, surgiu da ação criativa divina depois de vários: disse Deus, criou Deus, fez Deus, modelou Deus (homem) abençoou Deus, eis que está tudo muito bom, pronunciados durante os dias da criação.
No 1º dia, um facho de luz irrompe do espaço, vindo provavelmente da própria Divindade, iluminando um hemisfério originando tarde e manha (noite e dia). O sol era possivelmente uma estrela escura que não emitia radiações do intervalo visível.
No 2º dia é criada a atmosfera, um mar de ar separando as águas debaixo das águas de cima (vapor) com plenas condições para suportar diversas formas de vida.
No 3º dia das águas emerge a porção seca, possivelmente um grande continente e sobre ele vegetais (relva, erva e árvores). Começa a ação clorofiliana nos vegetais, permitindo decompor o CO2 do ar em carbono para sustentar a estrutura da vida e oxigênio essência para a respiração dos seres vivos.
No 4º dia o sol e os astros em geral assumem suas funções fazendo separação entre dia e noite e servindo para sinais, estações e dias e anos (Gen.1:14).
No 5º dia são criados seres viventes nas águas e aves para voar na atmosfera sob o firmamento.
No 6º dia são criados os animais terrestres e culminando a obra da criação o homem é modelado por Deus, recebe o fôlego da vida (princípio vital) e torna-se alma (ser) vivente, obra prima da criação.
No 7º dia, havendo Deus terminado a sua obra descansou nesse dia e abençoou o dia sétimo e o santificou (Gen. 2:2 e 3).
Semana – A partir desse modelo especial da sequência dos dias da criação, foi instituída a semana com seis dias reservados à atividade geral e o sétimo dia santificado (separado) para descanso e para memorial da criação.
A pesquisa tem mostrado que povos antigos os mais diversos possuíam divisões de tempo de 7 dias, entre eles sumerianos, babilônios e outros (Carta da Semana de William MeadJones, pastor e pesquisador da Igreja Batista do 7º dia).
Os babilônios, sem alterar a divisão de 7 dias, associaram nomes de planetas conhecidos aos 7 dias, originando assim, a semana planetária na qual o 1º dia era dedicado ao sol, o 2º à lua, o 3º à marte e assim até o 7º dia dedicado à saturno (hoje no inglês, Saturday).
Outros povos também tinham períodos de 7 dias mas com outros nomes como os povos germânicos. Já os gregos dividiam o tempo em décadas e os romanos em NÚNIDAS períodos de 9 dias que faltavam ou passavam das calendas (1º dia do mês) e dos IDOS, dia da lua cheia.
No correr dos tempos tem ocorrido investidas diversas contra a semana bíblica começando com aqueles que pretendem que a semana planetária seja mais antiga que a semana edênica. Examinando a história no entanto, parece claro que a semana planetária se originou da semana primordial.
Durante a Revolução Francesa, no tempo do coroamento da deusa RAZÃO houve um forte ataque à semana quando os dias foram agrupados em décadas (primidi, duodi etc) e todos os meses passaram a ter três décadas. Contudo o ataque durou poucos anos (1792 – 1805).
Os dias foram divididos em 10 horas, cada hora em 100 minutos e cada minuto em 100 segundos (sistema decimal).
Na República Soviética em 1929, houve uma tentativa de extinguir a semana de 7 dias e nela o sábado e o domingo.
Todos os dias foram considerados dia de trabalho e divididos em períodos de 5 dias. Alguns trabalhadores descansavam no 1º dia, outros no 2º dia e assim por diante. Todos os dias eram também dias de descanso para alguns! Não deu certo e o jeito foi voltar ao calendário gregoriano.
No fim da semana literal da criação surgiu um mundo perfeito, o mundo que então era, com formas de vida preenchendo todos os nichos ecológicos e adequado para a vivência do homem, especialmente modelado por Deus e criado à sua imagem e semelhança como uma criatura muito especial possuindo um elenco de qualidades de longe excedendo as necessidades da sua sobrevivência.
O homem, para sobreviver, não precisaria ter pintado a Capela Cistina e nem ter composto a 5ª sinfonia. O homem foi criado para viver bem e não apenas para sobreviver.
O mundo que então era, possivelmente era formado por um grande continente, Pangeia, firmado sobre granito e cercado por um grande oceano firmado sobre basalto, este mais denso que o granito e por isso mais afundado no manto magnético da terra.
Havia no antigo continente vários mares interiores de água doce provendo biomas adequados às várias formas de vida em diversos níveis do continente.
Condições geográficas de então propiciavam clima ameno e por isso não havia ventanias, borrascas, tufões e furacões.
Era o mundo da brisa e da aragem e não havia condições para a brisa se transformar em ventania.
A proteção provida pela camada de vapor envolvente sobre a atmosfera (gen. 1:7 e gen. 2:6) deveria propiciar condições para a saudabilidade dos seres viventes.
Em um tal mundo, em um jardim ao oriente, na terra de Éden foi colocado o primeiro casal humano, num contexto mais que adequado para o desenvolvimento das suas potencialidades.
Homem, um ser singular – O homem modelado por Deus, criado à sua imagem e semelhança, surge no cenário do mundo de então como criatura singular e muito especial. Algumas singularidades logo transparecem:
Dignidade – É perceptível na sua postura, no seu perfil, no seu porte ereto, na sua visão binocular e abarcante para a frente, na proporção harmoniosa das suas partes.
Tamanho e qualidade do cérebro – Com bilhões de neurônios, até os 7 anos cobertos por mielina para acelerar os processos iniciais da vida, o cérebro como base física para a mente provê residência adequada para a memória, para a percepção, para a consciência, para o raciocínio e para o senso moral.
Provê condições para a mente estudar o mundo, o corpo, o cérebro e condições para a mente estudar a própria mente, ou seja, condições para a mente conhecer-se a si mesma.
Pensando bem, a mente humana é uma das grandes maravilhas da criação.
Contudo, alguns pensam diferente.
Julian Huxley (1887 – 1975) biólogo e filósofo inglês afirmava que em determinada altura do processo evolutivo, a matéria em evolução tornou-se consciente de si mesma, querendo com isso dizer simplesmente que a mente surgiu da não-mente.
Cabe perguntar:
Seria o resultado de uma predestinação bio-química?   
Seria o resultado de um processo de auto-organização para melhor implantado no universo?
Estaria o princípio da vida consciente implícito nos elementos em si mesmos com evolução química a partir do hidrogênio ou ainda antes?
Mãos Maravilhosas - que fazem, sentem, vêem, falam e individualizam graças à sua capacidade expressiva e suas miríades de percepções digitais.
Senso de temporalidade e historicidade – Fantástica e típica marca humana que permite ao homem sentir-se datado, imerso no tempo, podendo distinguir o hoje do ontem e do amanha, o agora do outrora.
Sem ficar preso ao hoje, pode atingir o passado, relembrá-lo, revive-lo sentir saudades ou remorso e aprender lições que a própria vida ensina.
Capacidade de Abstração – Transcendendo a matéria na qual está imerso, o homem é capaz de imaginar, idealizar, raciocinar e penetrar nas profundezas da lógica e da matemática, por exemplo, e dando asas ao espírito é capaz de relacionar-se com Deus cogitando do sobrenatural, do eterno e do infinito.
Capacidade de Comunicação – O homem parece programado para a fala. É capaz de falar falando e de diversas maneiras, falar sem falar.
Possuindo a capacidade simbolizadora é capaz de criar símbolos, entender símbolos e criar sistemas de símbolos das mais diversas ordens e com eles se comunicar e por eles se guiar e aprender.
É significativa a conclusão de linguistas de que as línguas possuem uma subestrutura universal compreendendo gramática, vocabulário e eventualmente fonologia. Por isso não existem línguas primitivas ou pré-linguas mesmo entre povos atrasados.
Por outro lado é reconhecida a existência de uma super-estrutura universal transmitida culturalmente, o que explica a existência de línguas de cultura, mostrando que a língua que a pessoa fala e o modo como é falada influencia na vida intelectual.
Senso Moral – O homem é capaz de sentir-se vivendo num universo moral com escolhas para fazer e responsabilidades para assumir.
É capaz de desenvolver senso de dever, responsabilidade, uma consciência que pode dirigi-lo para o que é considerado certo de acordo com códigos morais e éticos que ele pode conhecer, cumprir e mesmo elaborar.
É capaz de distinguir o seu eu do não-eu de outrem à sua volta.
É capaz de, em face de escolhas cruciais, travar na sua alma lutas dramáticas com sua consciência. Isso é muito mais que reações químicas.
Apreciação da Beleza e Gratificação Estética – São marcas tipicamente humanas. Somente o homem pode extasiar-se ante cenários de beleza, ante a harmonia da forma, dos sons e das cores. Só o homem percebe que no mundo natural a beleza parece esbanjada muito mais que o necessário para a sobrevivência.
A beleza cumprimenta o homem por toda a parte e parece existir de propósito para ser apreciada e o homem, com seu senso estético, parece existir de propósito para apreciá-la.
Parece muito difícil aceitar que atributos tão singulares tenham se desenvolvido naturalmente e gradativamente de atributos não mentais ou animalescos e bestiais, sob a égide do acaso dirigido pela seleção natural ao longo de muito tempo.
Queda do Homem – É tópico que deve ser considerado quando se constroem uma visão criacionista.
Lamentavelmente o deslumbramento ante a astuta afirmação: vossos olhos se abrirão e como Deus conhecereis o bem e o mal, levaram o homem à queda ao falhar na sua confiança em Deus o Criador.
A partir de então a quebra da relação original entre Deus e o homem se fez sentir fazendo surgir no homem uma nova natureza, capaz não só de conhecer o bem e o mal, mas propensar à escolha e à prática do mal e sujeitar às suas consequências expressas nas palavras de Genesis, capitulo 3: Maldita é a terra por causa de ti, cardos e espinhos produzirá, em fadigas obterás dela o sustento, no suor do teu rosto comerás o teu pão, além da percepção de “estar nu” e da sensação de medo.
A ação entrópica da nova realidade (variações adaptativas e degenerativas) logo começou a se fazer sentir no mundo que então era preparando o cenário mundial para a grande catástrofe.
Catastrofismo – É a ideia de que grandes, rápidos e singulares eventos geológicos contribuíram no passado para a origem de profundas mudanças na crosta terrestre.
Não é possível construir uma visão criacionista do mundo sem cogitar da grande catástrofe, evento singular, dadas sua extensão, intensidade, causas e efeitos.
Ele contribuiu sobremaneira para que o mundo de então, o mundo de outrora se transformasse no mundo de agora, bem diferente daquele.
A grande catástrofe apregoada por Noé na forma de um dilúvio seria um evento singular. Jamais havia ocorrido.
É possível que muitos dos que eram advertidos, arrazoassem cientificamente no contexto do princípio então julgado válido: o passado é a chave do presente. Nunca houve, não haverá.
Em nome de um tal arrazoado não se preocuparam até que veio o dilúvio e os levou a todos (Mateus 24:38 e 39).
Em II Pedro3:6 lemos: E o mundo que então era pereceu coberto pelas águas do dilúvio (Há evidências de sobra).
Ignoraram que o mundo que então era havia surgido do meio das águas que cobriam o mundo do princípio (II Pedro 3:5)... e que as águas poderiam voltar!
E de fato voltaram!
Considerando o relato bíblico (Gen. 7 e 8) e as marcas deixadas na crosta terrestre pode-se imaginar:
Água cai do céu (chuva e condensação de vapor) e irrompe da terra (água subterrânea, água produzida por vulcões).
Terremotos sacodem e fraturam a crosta terrestre levantando e afundando extensas regiões.
Vulcões expelem lavas e magma escorre das fraturas produzindo embates dantescos com as águas.
Vagas aquáticas (tsunamis) avançam terra a dentro destruindo o que está no seu caminho e depositando sedimentos em formações que cobrem até centenas de milhares de quilômetros quadrados.
Há algumas evidências dessa grande catástrofe que não podem deixar de ser mencionadas:
Turbiditas – São terrenos formados devido à sedimentação rápida de aluviões (correntes de lama) subaquáticos originados por alguma causa como abalos sísmicos, correntes sub-aquáticas, ou outras.
Sua ocorrência deveria ser muito provável num dilúvio catastrófico, o que se demonstrou ser uma realidade no mundo todo.
- Ampla distribuição e grande abundância de depósitos marinhos sobre os continentes. Num tal contexto caberia a pergunta: O que tanto sedimento marinho está fazendo sobre os continentes?
Os que defendem a visão naturalista e um modelo uniformista ( o presente explica o passado) explicam tais fatos assumindo imersões e emersões sucessivas em extensas zonas continentais. Teria sido mesmo assim?
- Abundância sobre os continentes de extensos depósitos terrestres singulares, cuja origem pode ser muito melhor explicada por ação catastrófica envolvendo água. Basta considerar a formação jurássica Morrison nos Estados Unidos que contém dinossauros em grande quantidade e que cobre 1 milhão de quilômetros quadrados de terreno com espessura de mais de 100 metros.
São necessárias forcas muito maiores que as conhecidas para espalhar um depósito como este sobre uma área tão ampla! E há exemplos de sobra por todo o mundo.
Outro fato que pode ser considerado em relação a estas formações é a evidência de um ecossistema incompleto por causa da falta de plantas para sustentar os miríades de animais fossilizados . Isso sugere que os animais ou as plantas foram transportados para longe dos seus habitats evidentemente por ação catastrófica como é o caso da formação Morrison.
Fósseis de águas profundas podem ser encontrados no alto de montanhas como por exemplo a formação Burgees no Canadá.
Depósitos Carboníferos – Os extensos depósitos carboníferos ao redor do mundo também evidenciam ação catastrófica na sua formação.
As camadas sobrepostas de carvão resultantes do soterramento de vegetais (licopodíneas, calamites, coníferas e outros, muitos deles já extintos) evidencia a ação catastrófica de sucessivas marés aquáticas transportando, soterrando e fossilizando enormes massas vegetais, animais marinhos, além de depositar sal, argila e originar outras substâncias.
Esse material deve ter sido depositado e enterrado em depressões, vales, deltas e estuários onde se fossilizou originando os diversos tipos de carvões conhecidos. Essa é a versão alóctona da origem do carvão que se opõe à versão autóctona que afirma ter o carvão se originado no próprio local de crescimento dos vegetais que o produziram (alagadiços, brejos, pântanos, turfeiras e semelhantes).
As evidências a favor da versão autóctone não parecem tão fortes, mas são sustentadas porque cabem melhor numa visão uniformista e evolucionista do mundo.
Contudo, a extensão, espessura, sobreposição sucessiva de camads e as dezenas de bilhões de toneladas de carvão formadas, fortemente apoiam uma visão catastrofista que por sua vez é coerente com uma visão criacionista do mundo.
- Ainda outro fato digno de nota é o caso de formações geológicas sobrepostas, mas tais que de acordo com a teoria corrente, deveria haver decorrido longo intervalo de tempo entre elas (milhões de anos). Se fosse o caso, então a camada inferior deveria ter sofrido forte erosão ao longo do tempo até ser coberta pela camada superior. Contudo não é isso que acontece evidenciando antes deposição rápida como está implícito na visão catastrofista, sem intervalo de tempo para ocorrer a erosão.
Novamente o mundo todo foi coberto pela água e novamente, como no princípio, a terra ressurge do meio das águas.
A Bíblia afirma que o dilúvio cobriu o mundo todo, inclusive seus pontos mais altos, que foi um evento singular e terrível e no seu aspecto básico durou cerca de um ano, embora consequências e implicações tenham durado séculos, algumas persistindo até hoje.
Uma grande ruptura se originou então nos registros geológicos, históricos e culturais.
Há agora uma indeterminância no campo do conhecimento de modo que o que viria depois não serviria de base segura para o que fora antes.
O Mundo de Agora – Surge das águas profundamente fragmentado em continentes, ilhas, oceanos e placas tectônicas.
Mundo marcado por extremos e contrastes e por diversidade geográfica e climática.
É o mundo das chuvas, dos ventos, das borrascas, do gelo, da neve, do frio e do calor esculpindo os terrenos como, por exemplo, em Vila Velha, no Paraná.
É o mundo da geologia moderna com os terrenos paleozoicos com seus trilobitas, dos terrenos mesozoico, com seus dinossauros e dos terrenos cenozoicos com seus tigres dente-de-sabre.
É o mundo do catastrofismo de Cuvier (teoria das catástrofes sucessivas das quais a última teria sido o dilúvio de Noé) e do uniformismo de Charles Lyell afirmando que o presente é a chave do passado. Em outras palavras, não houve nenhuma catástrofe de âmbito mundial.
Possivelmente antes do dilúvio se dizia: não haverá nenhuma grande catástrofe porque no passado não houve. O passado era a chave do presente.
Hoje se diz: no presente não há nenhuma grande catástrofe, logo no passado não houve.
Antes do dilúvio possivelmente se falava: não acontecerá.
Hoje, depois do dilúvio, se fala: não aconteceu (uniformismo).
Contudo as evidências da catástrofe são marcantes!
O Mundo que então será – O criacionismo bíblico tem também um componente escatológico.
A estrutura do universo, a vigência da lei da entropia, o andamento das cousas no mundo com degradação de toda ordem ocorrendo e a Revelação, sugerem que há um fim à vista para o mundo de agora em tempo não demasiadamente distante.
O que tem princípio tem fim.
Só Deus pode dar um bom fim ou um não fim aos fins.
Assim, segundo o componente escatológico do criacionismo, haverá novo princípio depois do fim do mundo que agora é.
Diz o apóstolo Pedro: Nós, porém aguardamos novo céu e nova terra em que habita a justiça (II Pedro 3:13).
Haverá assim nova criação. Interessante é que a nova criação aguardada, ao contrário da primeira, será acessível à percepção humana.
Então será possível ver para depois crer, ao contrário do relato da criação anterior que requeria crer para depois ver.
Lemos na Bíblia: Vi novo céu e nova terra pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe. Apoc. 21:1
Aguardamos, como criacionistas, um novo país com novo ar, nova terra e novo mar, onde a vida agora é mais provável que a morte e, como requer a lei da entropia, os objetos continuam a cair se deixados a si e a água continua a correr para baixo.
A Origem das Espécies – Cogitar da origem das espécies tem seu lugar quando se constroem uma visão do mundo e especialmente quando se percebe o quanto ele é marcado pela diversidade.
Deixando de lado a diversidade cósmica (galáxias, estrelas, nebulosas, planetas, cometas, partículas...) podemos considerar:
Diversidade étnica a partir de três grandes troncos: caucasiano ou jafetita, semita e camita (raças coloridas).
Diversidade linguística a partir de três grandes famílias linguísticas: Indo-europeia (línguas aparentadas com o Sânscrito), semita e camita facilmente distinguíveis entre si ainda hoje.
Biodiversidade - marcante no reino animal e vegetal, evidenciando logo à primeira vista, adaptabilidade climática e adaptabilidade funcional dos seres.
Dentro do contexto da diversidade, detenhamo-nos no conceito de espécies e na origem das espécies.
Conceito de espécie – Bastante discutido e podendo ser dito que espécie é um conjunto de seres que apresentam entre si determinadas semelhanças morfológicas e fisiológicas desde que submetidos às mesmas condições e na mesma fase do ciclo evolutivo.
Por exemplo, a espécie Felix cattus (gato doméstico) muito conhecida de todos.
Para o criacionismo a palavra espécie aparece logo no ato da criação conforme Gen. 1:11: Produza a terra relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas conforme sua espécie (min no hebraico).
Em Gen. 1:21 lemos: Criou Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que povoam os mares segundo suas espécies (Mins).
A palavra hebraica Min traduzida por espécie, tem um sentido mais amplo que a palavra espécie na biologia e aparece 36 vezes na Bíblia sendo 10 vezes no livro de gênesis.
Por exemplo, pensando em gato domestico (Félix Cattus) o “min” correspondente ao gato incluiria boa parte dos felídeos (Félix onça, Félix leão, etc) abarcando possivelmente o gênero Felix.
É bom considerar que a palavra Min no Velho Testamento é empregada em outros sentidos (tipo, qualidade, forma) e não apenas no sentido biológico.
Por exemplo em Neemias 13:20 há referência a toda sorte (min) de mercadorias trazidas...
Em Ezequiel 27:12 há referência a Tarsis que negociava toda sorte (min) de riquezas...
Em Eclesiastes 2:5 é mencionada plantação de árvores frutíferas de toda a espécie (min) onde min inclui as árvores frutíferas de um pomar portanto com sentido bem mais amplo que espécie se referindo a uma árvore frutífera do pomar como a figueira com o nome científico Ficus carica.
Por outro lado o min que inclui as árvores frutíferas, não inclui outras árvores não frutíferas.
Concluindo, pode-se dizer que a espécie bíblica em Gênesis tem um sentido mais amplo que a espécie da biologia o que é coerente com o que se sabe, que as espécies podem sofrer variações, mas limitadas pelo seu min ou tipo básico de vida.
Pode-se dizer que gatos criados no princípio (felídeos) sofreram variações mais restritas aos limites do seu min sem interpenetrar, por exemplo, o min dos canídeos. É isso que se percebe na prática.
Para os criacionistas, no princípio os seres vivos foram criados em tipos básicos de vida (mins) os quais, com suas variações conduziram à diversidade que hoje observamos, mas com preservação dos tipos básicos originais, especialmente genéticas.
Aumento da Variabilidade por Ocasião do Dilúvio Universal – Após a grande catástrofe, da qual temos tantas evidências, houve novas condições para o aumento da variabilidade em pequenas populações com isolamento geográfico e sob mudanças ambientais rápidas e profundas.
Em populações pequenas, um eventual gene mutante se espalharia com mais facilidade. Da mesma forma um gene raro poderia ser passado para outras gerações, o que não aconteceria em grandes populações, onde seria eliminado.
O isolamento geográfico preserva e isola pequenas populações evitando cruzamentos com outras. Há ao mesmo tempo redução da competição permitindo inclusive a sobrevivência de eventuais aberrações que caso contrário seriam eliminadas. Possivelmente por isso, pequenas populações humanas isoladas tendam a preservar a cultura como fator de sobrevivência e sofram ao mesmo tempo com mudanças de caráter corporal e físico.
Ainda convém considerar que genes mutantes e aberrações podem ser preservados por ocasião de mudanças ambientais rápidas porque estas reduzem os efeitos da competição visto sempre novas condições ambientais entrarem em cena.
É fácil perceber como um dilúvio universal pode ter provido condições para um drástico aumento de variabilidade, inclusive de aberrações, num mundo de tantas mudanças a partir de então.
Na visão Evolucionista do mundo, novas espécies teriam surgido ao acaso, graças ao lento acúmulo de pequenas variações (mutações genéticas) ao longo de muito tempo sob a égide da seleção natural (predominância do mais apto) ocorridas nas espécies existentes.
Surgiu assim o evolucionismo darwinista onde evolução é o fato e darwinismo é o modo da evolução.
Na verdade o darwinismo requer a extrapolação bem além dos seus limites das pequenas variações observáveis, e isso ao longo de grandes espaços de tempo, o que não parece fácil de acontecer ou provar.
Graças à grande reserva de informação genética, com o acúmulo de mutações os organismos vivos possuem grande potencial para a variabilidade. Essa variabilidade, no entanto, parece ocorrer apenas dentro dos limites de formas básicas de vida (mins) estas separadas por lacunas que parecem intransponíveis.
Este tipo de variação costuma ser chamado de microevolução e como vimos, faz parte da visão criacionista.
Contudo, no domínio das mutações genéticas, não é possível divisar um modo de induzir através do acúmulo de mutações, o surgimento de organismos com novas estruturas corporais e novos órgãos com funções mais complexas quando se considera a total interdependência das partes no organismo como um todo. Os órgãos possuem base genética muito complexa e não será casualmente ou por erros na transmissão da informação que se tornarão capazes de exercer funções mais complexas.
É longo demais o caminho a ser percorrido pelo acúmulo casual de pequenas variações, sob a égide da seleção natural, para que de seres mais simples resultem seres superiores com suas singularidades, órgãos e funções mais complexas, como por exemplo, o próprio homem.
Um processo assim seria chamado de megaevolução e enquanto há comprovação para a microevolução, a megaevolução insiste em situar-se fora dos domínios da realidade observável.
O evolucionismo darwinista optando pelo acaso e renunciando ao sobrenatural tornou-se afinalista e naturalista (o mundo pode ser completamente explicado por processos naturais atualmente em operação - atualismo), não havendo desígnio no mundo.
Na verdade a visão evolucionista – materialista da realidade está apoiada no tripé: percepção, razão, evolução, onde a evolução acontece graças à trindade milagreira do acaso, tempo e seleção natural.
Esta visão foi escolhida por grande parte da comunidade intelectual moderna e a universidade moderna, o cientificismo e a educação secularizada tornaram-se seus sustentáculos.
O resultado foi a exclusão do sobrenatural com a coisificação e biologização do homem, marcado por ancestralidade simiesca e bestial.
O homem foi achatado contra o chão do humanismo – materialista passando a ser guiado por uma ética situacional cambiante, tendo pela frente um futuro aberto e a construir, mas incerto.
Quem sabe depois do big bang e da evolução no planeta terra, um big Crush seja o resultado.
Numa visão assim o problema da origem da vida torna-se crucial o que pode ser concluído a partir de um simples raciocínio: se hoje, com tantas formas de vida (diversidade) vida só provém de vida (Pasteur), como no remoto passado quando não havia vida, vida veio de não –vida?
Em outras palavras, no passado ocorreu algo que não ocorre no presente contrariando o princípio do uniformismo que afirma que o presente é a chave do passado.
Em 1859 foi publicado o livro Origem das Espécies de Charles Darwin com as conclusões às quais ele chegou. O livro causou enorme impacto no pensamento humano e a princípio grande reação contrária, tornando-se o tema a Origem das Espécies a pedra de toque para as visões do mundo e da vida. Até o século XIX chegou a ser chamado o século de Darwin.
Em 1959, na Universidade de Chicago, foi comemorado o centenário do lançamento do livro.
No Manifesto Humanista então redigido, se afirmava que nenhuma pessoa culta poderia deixar de aceitar o evolucionismo que é uma luz que guia o pensamento.
Na ocasião o evolucionista Julian Huxley proclamou: No sistema evolucionista de pensamento não há lugar para o sobrenatural.
A terra não foi criada, evoluiu. O mesmo se pode dizer dos animais e das plantas bem como dos próprios seres humanos, mente, alma, cérebro e corpo. Até a religião evoluiu.
O evolucionista, ainda que em solidão, não pode refugiar-se, buscando abrigo nos braços de um “pai divino” que ele mesmo criou (Associate Press, 27-11-1959).
Apesar de toda esta prepotência típica de cientistas e intelectuais evolucionistas, o evolucionismo enfrenta dificuldades de várias ordens e parece de bom alvitre mencionar algumas delas.
Dificuldades na Matemática e na Estatística - A improbabilidade estatística não só da origem da vida mas também dos genes e das proteínas é evidente.
Considerando a cadeia beta da molécula hemoglobina com 146 aminoácidos em certa ordem, a probabilidade de obter a sequência considerada é de 1 contra 20 a 146 (o organismo utiliza 20 aminoácidos diferentes) ou 1 contra 10 a 190. Este número se reduz porque há aminoácidos repetidos, mas mesmo assim é maior do que 1 contra 10 a 100. É bom lembrar que em todo o Universo com bilhões de galáxias não há 10 a 100 partículas.
Mesmo a probabilidade de se obter por acaso a molécula de insulina com 51 aminoácidos, que devem estar em certa ordem, é praticamente nula.
Que dizer da origem espontânea de um dos 206 ossos do corpo humano e qual seria a probabilidade de se ajuntarem por acaso, na disposição em que se encontram 206 ossos do corpo?
Seria a probabilidade de 1 contra 206! (fatorial de 206) que é a probabilidade de 1 caso favorável contra 10 a 387 casos possíveis!
Origem da Vida sem um Criador – Este parece ser uma obsessão dos que colocam o acaso e o correr de muito tempo na origem de todas as cousas. Sustentar esta visão pode ser considerado como um ato de fé dos cientistas evolucionistas.
Ultimamente esta fé na origem espontânea da vida tem sido fortalecida pela notícia, bastante alardeada, de que cientistas do MIT teriam conseguido sintetizar moléculas complexas capazes de fazer cópias de si mesmas quando imersas em soluções contendo elementos adequados.
Evidentemente não se trata de um processo de síntese da vida porque seres vivos, mesmo os mais elementares, reproduzem “cópias” de si mesmos graças à ação de um código genético muitíssimo complicado no qual está determinado o futuro desenvolvimento das formas a serem reproduzidas.
É interessante ver como os materialistas admitem que há bilhões de anos, quando teriam se formado espontaneamente moléculas capazes de se reproduzir, uma delas teria “adquirido” a forma adequada para armazenar informações como faz o código genético. Daí para a frente, afirmam, a seleção natural teria eliminado as formas de vida menos aptas e, preservando as mais adaptadas, permitiria o desenvolvimento de seres vivos mais complexos.
Convém lembrar, no entanto, que mesmo que alguma molécula complexa tivesse desenvolvido a capacidade de armazenar informação para duplicar a si mesma, ainda haveria um abismo entre tais entidades e seres elementares.
Que dizer então da distância a ser percorrida, sob a égide da seleção natural, para atingir o status dos animais superiores e do próprio homem com todas as suas singularidades?
Ao se pensar na origem da vida a partir das forcas com que interagem átomos e moléculas, há que considerar o princípio da entropia que inexoravelmente legisla contra a evolução molecular.
De fato, sabemos que nos sistemas materiais isolados, as trocas espontâneas de energia entre seus componentes acabam conduzindo ao nivelamento entrópico, ao equilíbrio estável, ao estado de maior probabilidade, que evidentemente impede o avanço na direção de sistemas mais complexos, ou seja, a estados de e
Também é sabido que em sistemas abertos a propensão para o equilíbrio entrópico pode ser revertida com informações adequadas.
Cabe a pergunta: no caso, de onde viria esta informação? Do acaso, do correr de muito tempo coadjuvado pela seleção natural? É assunto para pensar.
Não há Tempo Suficiente Para que o Evolucionismo Darwinista Origine Novas Espécies – Supondo o acaso atrás do acúmulo gradual de pequenas mudanças capazes de transformar um organismo simples noutro mais complexo, o tempo requerido seria enorme e muito maior que as idades presumíveis da Terra e do Universo.
No simpósio do Wistar Institute em 1966, Murray e Salisbury e outros concluíram que se se der ao acaso papel sério e crucial na origem das entidades, então o evolucionismo precisaria aguardar a descoberta de novas leis naturais, pois a evolução baseada em processos caóticos requereria muitas vezes mais tempo do que os 4,6 bilhoes de anos de idade da Terra.
É fácil concluir que não há tempo suficiente para que mutações ocorrendo ao acaso e sob a égide da seleção natural, cruzem as descontinuidades ou lacunas entre as espécies.
A insuficiência das mutações é evidente porque mutações são modificações ocorridas numa mensagem codificada (DNA) e modificações ao acaso num código evidentemente não tem chances de aprimora-lo e muito menos de explica-lo, assim como a tinta e o papel de um livro não tem nada a ver com a origem da mensagem que ele contém.
Dificuldades no Campo da Paleontologia – O testemunho do mundo fóssil não suporta a ideia de evolução gradual.
Faltam precursores das formas que aparecem nos terrenos cambrianos, tidos como os mais antigos da coluna geológica. Costuma-se referir a este fato como “explosão cambriana”.
Faltam precursores de todas as formas de vida que surgem repentinamente, sem ancestrais menos evoluídos, no registro fóssil, não ocorrendo por exemplo pré-formiga ou pré-morcego.
Há uma gritante falta de formas transicionais entre as espécies fósseis em toda a coluna geológica. A regra é a existência de formas terminais e não de formas transicionais.
Basta considerar a origem do voo que surgiu quatro vezes no mundo animal: com os insetos alados, com os répteis (pterossauros), com as aves e com os mamíferos voadores (morcegos).
Há imensas lacunas entre qualquer uma das formas aladas e seus supostos ancestrais o que é reconhecido inclusive por evolucionistas como F.C.Olson (The Evolution of Life) e S.Romer (Vertebrate Paleontoloogy).
Que mudanças fantásticas deveriam ter ocorrido num réptil, por mais “saltador” que fosse, para transforma-lo numa ave que parece ter sido feita de propósito para voar com seus ossos leves, ocos e resistentes, elevada pressão do sangue e temperatura (42 ou 43 C) e sacos aéreos como extensão do sistema respiratório.
E o que dizer da transformação de uma escama em uma pena que não precisa ser de um pavão ou de uma ave do paraíso, mas de um simples pardal?
Onde as evidências sustentadas por séries de formas transicionais?
Evolução aos Saltos – A falta de formas transicionais tem levado alguns evolucionistas a tomar posições verdadeiramente revisoras em face do darwinismo, passando a defender uma teoria de “evolução aos saltos”, como é o caso de Stephen Jay Gould, da Universidade de Harvard.
Segundo Gould, não se pode rejeitar os fatos da microevolução, mas microevolução extrapolada não é macro evolução.
De acordo com as posições revisionistas, as espécies mudariam muito pouco ao longo dos anos, mas repentinamente, sem haver explicação, sofreriam bruscas transformações adquirindo novas características.
Mais ainda, essas violentas e imprevisíveis mutações ocorreriam por acaso, não proporcionando necessariamente melhores condições de sobrevivência aos seres resultantes.
Nessa linha de pensamento, as modificações e adaptações evocadas pelo darwinismo contribuiriam para o fenômeno da microevolução (modificações intraespecíficas) ao passo que macro mutações repentinas e inexplicáveis é que contribuiriam para o surgimento de novas espécies.
Assim, pensam os proponentes desta nova posição, haveria harmonia entre o evolucionismo e o registro fóssil.
Interessante é que os criacionistas nunca rejeitaram as modificações intraespecíficas produzidas pelas mutações (dentro de um tipo básico de vida, ou dentro de um “mim” segundo a terminologia hebraica do livro de Gênesis) mas nunca atribuíram a elas o poder de criar novas e mais complexas espécies.
É significativo o fato de ser defendida uma “evolução aos saltos”, que se aproxima mais da posição criacionista que afirma a origem repentina dos tipos básicos de vida (“mim” na terminologia hebraica, de Gênesis), mas por ação de um Criador.

Fósseis vivos permanentes também perturbam o evolucionismo. Destacam-se esponjas, arraias, tubarões, lampreias, ouriços do mar, língulas (500 milhoes de anos) algas azuis (um bilhão de anos).
Que obstinação sobreviver milhões de anos desafiando a evolução!
Dificuldades na Física – Há uma absoluta incompatibilidade entre evolução e o princípio da entropia. O conceito de entropia foi primeiro desenvolvido pela Termodinâmica para referir-se à energia inaproveitável pelas máquinas térmicas nas transformações de calor em trabalho.
Foi verificado que nas transformações de energia, ela não se perde (1º princípio), mas da energia, algo se perde, a capacidade de fazer trabalho (2º princípio ou lei da entropia).
Entropia é então uma medida de dissipação de energia no andamento dos processos naturais e uma medida de desordem nos sistemas e na transmissão de informação.
Quando em 1969 Bertanlaffy estabeleceu a Teoria Geral dos Sistemas no contexto da Cibernética, logo percebeu que o conceito de entropia estava presente. Segundo a Teoria Matemática da Informação, todo processo de transmissão de informação está sujeito a tendências entrópicas.
Uma das características básicas de todos os processos naturais é que a sua ocorrência acarreta o aumento da entropia. Aliás, quando se idealiza um processo, a melhor maneira de verificar se de fato vai ocorrer é ver se sua ocorrência acarretará aumento de entropia.
Caoticidade, desordem, equilíbrio estável, simplicidade e probabilidade estão associadas ao aumento de entropia, ao passo que ordem, complexidade, equilíbrio instável e improbabilidade estão associados à baixa entropia... que não é marca do andamento dos processos naturais!
A grande implicação é que o resultado provável de acontecimentos ocasionais é caótico porque complexidades são menos prováveis que simplicidades e sob a égide da 2ª lei (lei da entropia) as complexidades desaparecerão paulatinamente para dar lugar à simplicidade caótica.
Não resta a menor dúvida! Os processos naturais seguem a lei da probabilidade e a probabilidade é o aumento da desordem ou seja o aumento da entropia.
Convém notar que na Mecânica Estatística entropia é igual ao logaritmo de uma probabilidade.
Por isso, deixados a si, os corpos caem, água corre para baixo, água fica dentro do copo, corpos quentes esfriam, a evolução de formas simples para formas complexas é improvável e a morte é mais provável do que a vida.
Tentativas de Escapar ao Devastador Efeito do Princípio da Entropia –
Alegação dos Sistemas Abertos. De fato a entropia aumenta em sistemas fechados ou deixados a si. Em sistemas abertos ela pode diminuir desde que haja informação adequada (algo que altere a probabilidade no sistema) atuando no sistema.
Num ser vivo mantido como sistema aberto seria necessária informação que alterasse a probabilidade de diminuição da complexidade para aumento de complexidade. Deus pode prover essa informação, e mesmo inteligência humana (inteligência é uma fonte de informação) pode fazê-lo em certos casos. Mas será que acaso, muito tempo e eventualmente a seleção natural poderiam fazê-lo?
Em sistemas abertos, só informação adequada pode reduzir a entropia. Caso contrário, a lei vige inexorável.
Demônio de Maxwell – Seria uma entidade que se imaginou existir e que atuaria “anti-naturalmente” nos sistemas no sentido de ocorrer a redução da entropia.
Talvez o raciocínio seja o seguinte: A evolução é um fato, o princípio da entropia não pode ser negado. Logo deve haver algo que permite o aumento da complexidade contrariando a lei da entropia.
Princípio da Sintropia de Szent Giorgi , prêmio Nobel. Sugere que nos seres vivos haveria algo como uma forca inexplicável que ele chamava de Sintropia e que se oporia à ação entrópica. Difícil é provar isso.
Outros simplesmente postulam que o tempo é infinito, a matéria é eterna e tem capacidade de organizar-se, tentando evidentemente escapar às implicações do princípio da entropia.
Sumarizando: Somente informação adequada proveniente de inteligência pode dar princípio a algo (no princípio Deus...), e depois do princípio...
...Postergar ou adiar o fim,
...Dar um bom fim ao fim,
...Dar um sem fim ao fim! E isso simplesmente alterando probabilidades, porque a lei da entropia requer que ocorra o mais provável.
E então, quando for restabelecida a ordem originalmente criada por Deus, saúde será mais provável que doença, e viver mais provável que morrer. Ao mesmo tempo, frutos ainda poderão cair das árvores e a água continuará a correr para baixo.
É simplesmente uma questão de alterar probabilidades, e Deus pode fazê-lo pois é o Criador!
O Criacionismo Moderno – por sua vez surgiu no século XX com uma visão finalista, apoiada sobre evidências de desígnio, e supernaturalista, sustentando que leis e processos naturais vigentes, são insuficientes para explicar o mundo.
O criacionismo se apoia sobre o tripé Percepção, Razão e Revelação cabendo à Revelação iluminar os caminhos da Razão em meio às singular idades e complexidades do mundo e da vida e inacessíveis à pesquisa.
A visão finalista e supernaturalista está apoiada nas evidências de desígnio ou planejamento, presentes no mundo, algumas das quais serão consideradas:

Evidências de Desígnio – A existência ou não de desígnio no mundo é uma questão relevante quando se tenta construir uma cosmovisão. Obviamente a visão criacionista é fortemente suportada por evidências de desígnio.
Contudo, o fato da visão criacionista admitir a existência de planejamento ou propósito no mundo, não quer necessariamente dizer que a esta altura sejam conhecidos todos os propósitos do Criador. Não será, por exemplo, tarefa fácil inferir quais os propósitos na criação de nuvens de poeira cósmica, quasares, novas e supernovas, estrelas pulsantes, cometas, meteoros, planetas em degradação, planetoides, trilobitas, dinossauros ou pernilongos. Contudo, captando propósito, desígnio e sabedoria em tantas obras criadas, o criacionista confia e crê no acerto dos planos do Criador e Deus Onipotente e Onisciente.
Já a visão evolucionista do universo e do mundo assenta sobre a ocorrência do improvável e sobre processos de variação ao acaso, produzindo, após longuíssimos períodos de seleção natural, uma cadeia evolutiva contínua e terminando no momento em populações de seres vivos, inclusive de pessoas, com todos os seus hipotéticos ancestrais e ostentando seus cérebros reconhecidos como os mais ordenados e complexos arranjos de matéria no universo.
A seguir serão apresentados alguns aspectos da natureza e do mundo, que fortemente sugerem desígnio e finalidade e que por isso são considerados ao se construir uma visão criacionista.

1 - Aproximação Matemática da Natureza – Parece ser uma das características marcantes do universo e do mundo, o fato de as leis básicas da física e de outros campos do conhecimento requererem, para sua descrição e expressão, equações matemáticas altamente complexas e exigindo elevado nível de preparo mental daqueles que pretendem iniciar-se na sua compreensão. Embora não se possa garantir que a aproximação matemática da natureza seja a melhor, e apesar de a ciência ser feitura humana e uma maneira humana de encarar as regularidades da natureza, é de admirar que uma compreensão do universo e do seu funcionamento cada vez mais penetrante esteja justamente relacionada com conhecimentos cada vez mais profundos de matemática e das ciências correlatas.
Não é debalde que os antigos gregos já concluíssem que Deus faz sempre geometria e que Johannes Kepler, na sua humildade e crendo na perfeição da geometria, concluísse dos seus estudos astronômicos que Deus sempre atua por geometria. O próprio Newton ao se aprofundar no estudo da natureza, e ao se inteirar dos “pensamentos do Criador”, teve que ampliar sobremaneira os domínios da matemática.
Estes fatos estão em pleno acordo com a visão criacionista, ao passo que, assimilados numa visão materialista e evolucionista, implicam admitir que a matemática se originou por si mesma, enquanto a evolução seguia os seus rumos incertos.

2 – O fato de as diversas categorias de fenômenos naturais e de entidades, desde galáxias, estrelas, até animais, plantas e rochas, poderem ser arranjados em classificações ordenadas segundo critérios os mais diversos, afina bastante com uma criação com desígnio.
Por outro lado também é verdade que os defensores do evolucionismo assumem o fato da distribuição hierárquica dos seres e das cousas, segundo ordem crescente de complexidade, como evidência favorável à evolução. Formas classificadas em ramos ou classes diferentes, teriam divergido há mais tempo que formas classificadas em ordens ou famílias diferentes.
Deve ser acrescentado, contudo, que esse ajustamento à visão evolucionista seria admissível se, ao menos no mundo fóssil, as entidades e categorias estivessem dispostas numa cadeia evolutiva contínua, sem tipos básicos nítidos, sem que se pudesse afirmar onde um tipo começa e outro termina, por causa de muitas formas transicionais.
Os fatos observáveis, porém, não suportam um tal esquema, pois os tipos básicos são e sempre foram bem nítidos ou seja, há abundância de formas terminais em detrimento de formas transicionais.
Não pode passar despercebido ao observador que a natureza, tão complexa, diversificada e numerosa, pareça ter sido feita de propósito para ser conhecida, facilitando classificações, quer sob aspectos específicos, quer sob aspectos gerais. Da mesma forma parece bem evidente que, em relação aos seres vivos como um todo, estruturas similares foram criadas para funções similares e estruturas diferentes para funções dissimilares. Por exemplo, é justamente para que vejam, e vejam bem, que polvos, que são invertebrados e seres humanos que estão no topo da escala biológica, possuem olhos e bastante complexos.

3. Maravilhosa Adequação do Ambiente aos Seres Vivos – Na natureza, todos os sistemas estão integrados com os respectivos ambientes, de maneira tão maravilhosa, que, no mínimo, fazem pressentir propósito criativo!
Quanto mais se estuda e se conhece a terra, mais se evidencia a interdependência ambiental e mais se conclui que se trata de um planeta de propósito planejado e preparado para acolher e preservar a vida, e para tal colocado à distância certa do sol!
O campo magnético terrestre surge como uma das maravilhosas proteções do planeta; os fenômenos elétricos e magnéticos permitem a realização de trabalho sob as mais diversas formas e a ação à distância, que se convencionou chamar de forca da gravidade, permite ordem e estabilidade no mundo.
A adequação da atmosfera, no permitir a vida, é algo fantástico com o oxigênio na proporção de 20% (pouco ou muito oxigênio trariam inconveniências), o nitrogênio como gás inerte e isolante na proporção de 79% e o gás carbônico (CO2) em pequena proporção (0,03%), mas o suficiente para manter o ciclo do carbono e a vida.
Por outro lado não ocorrem na atmosfera os compostos de enxofre com seus efeitos desagradáveis (SO2, por exemplo), nem amônia (NH2), metano (CH4) ou hidrogênio (H2) como acontece em outros planetas e nem o perigosíssimo gás monóxido de carbono que apenas ocorre na atmosfera quando o próprio homem o polui.
A adequação maravilhosa da atmosfera ainda é evidenciada através dos limites máximos e mínimos de variação de pressão e temperatura e pelo fato de sua composição ser tal que permite justamente a passagem das tão necessárias radiações do intervalo visível e do infravermelho e ultravioleta próximos. Uma autêntica janela para a vida existe, neste caso, na atmosfera que ao mesmo tempo absorve ou amortece, nas suas diversas camadas, outras radiações perigosas.
A interdependência ambiental também é visível na hidrosfera, formada pela água, o solvente universal e constituinte insubstituível dos seres vivos e intimamente relacionada com a vida.
Considerando que as cadeias de enzimas e proteínas começam a romper-se acima dos 40oC, não poderia ser melhor a posição dos pontos de fusão e de vaporização (pontos do gelo e do vapor, respectivamente a OºC e a 100ºC) e nem se poderia atribuir ao acaso a dilatação irregular, justamente da água, a qual assume sua maior densidade não a Oº ou abaixo, mas a 4ºC, resultando disso o fato de o gelo flutuar na superfície, permitindo a continuação da vida embaixo, e o seu derretimento no verão seguinte, o que não ocorreria se o gelo afundasse na água.
O elevado calor específico da água também se destaca, permitindo às grandes massas de água a função de reguladoras de temperatura, impedindo não apenas verões e invernos demasiadamente rigorosos (os climas sempre são mais amenos nas proximidades de grandes massas de água), mas impedindo também que correntes aéreas e marinhas, por causa de grandes variações de temperatura, assumam intensidade catastrófica (só a amônia e o hidrogênio, praticamente não encontrados na natureza, é que têm calor específico maior do que o da água).
Elevados calores latentes de fusão e de vaporização também são propriedades marcantes da água (valem respectivamente 80 e 540 calorias por grama) que permitem transferências de calor dos trópicos para as regiões temperadas. Cada vez que a água se vaporiza nos trópicos, calor é removido do ambiente (cada grama de água ao vaporizar-se absorve 540 calorias) e cada vez que esse mesmo vapor se condensa nas regiões mais frias, fornece esse mesmo calor. Se essa mesma água ainda se congelar, fornecerá mais calor ainda na base de 80 calorias por grama de água que se congela.
O fato de a água ser um dissolvente universal e a possibilidade de ar e oxigênio poderem nela dissolver-se na proporção de até 7 cm3 por litro, também é digno de nota, pois só assim pode ser permitida a vida aquática.
Em se falando de água e ar, que contraste entre a Terra e outros planetas já conhecidos!
A litosfera com suas rochas de diferentes estruturas, constituições e dureza, contém, em forma simples ou combinada, os elementos essenciais à constituição de um substrato adequado à vida, quer para sua manutenção, quer para sua multiplicação.
A biosfera resulta da interação da vida com a atmosfera, hidrosfera e litosfera. Basta um pouco de atenção para descobrir os importantíssimos ciclos vitais do carbono, oxigênio, nitrogênio e outros, que apenas por si, insinuam uma criação com propósito.
O oxigênio, justamente com o carbono e o hidrogênio, é um dos elementos básicos na constituição das cousas vivas. Combinado com o hidrogênio, constitui a água com propriedades tão peculiares e essenciais. Contudo o enxofre, do mesmo grupo químico do oxigênio, em combinação com o hidrogênio forma o gás sulfídrico (H2S) cuja utilidade é praticamente nula em comparação com a água.
No que diz respeito à manutenção da vida, o processo de oxigenação, promovido pelas grandes florestas e áreas verdes, inclusive algas do mar, é sumamente importante. Contudo, a falta de um simples átomo de magnésio na molécula de clorofila, impediria que ela desempenhasse a sua importante função.
O oxigênio também, graças à facilidade de combinação com o ferro presente na hemoglobina do sangue, pode ser retirado da atmosfera, para ser utilizado pelos seres vivos. Posteriormente, graças à ação clorofiliana das plantas verdes, o oxigênio acaba sendo restituído à atmosfera, após a decomposição do CO2 resultante da respiração dos organismos vivos.
Importantíssimos para a vida, também são os átomos de carbono com suas quatro valências, permitindo não apenas a formação das grandes e complexas cadeias de carbono, tão importantes na constituição da substância viva (por exemplo, aminoácidos e proteínas), como também a ligação com outros tipos de átomos, entre os quais o oxigênio e o hidrogênio, o primeiro, eletropositivo e o segundo, eletronegativo.
Outra importante propriedade do carbono é sua capacidade de constituir um óxido estável, o CO2, gasoso e altamente solúvel na água, onde pela formação de ácido carbônico, mantém a concentração de íons de hidrogênio (ph) próximo da neutralidade.
Já o silício, do mesmo grupo químico do carbono, nem de longe serviria de substituto para este, a começar pelo fato de o óxido de silício (SiO2) ser sólido e só derreter a altíssima temperatura. Ainda assim, depois do oxigênio, é o silício o elemento mais abundante, entrando inclusive na constituição dos importantes silicatos, básicos na formação das rochas.
Interessante é o que ocorre com o cálcio, que na forma de cloreto é solúvel no leite e no sangue, mas em presença da vitamina D, dá origem a fosfatos de cálcio, estes insolúveis e indispensáveis na constituição de ossos e dentes. O mesmo já não acontece com o bário e o estrôncio, do mesmo grupo do cálcio, os quais, além de não apresentarem esta propriedade, são até, sob certos aspectos, impróprios para a vida (basta considerar, por exemplo, os perigos do estrôncio nas chuvas radioativas, após explosões atômicas).
Entretanto, nos domínios da Biologia verifica-se que o processo reprodutivo de cada espécie é um autêntico milagre e que mesmo os fluídos dos organismos vivos, ostensivamente, sugerem desígnio. Olhe-se, por exemplo, para o sangue com sua capacidade de suprir alimento às células e delas trazer produtos de desassimilação, proporcionando ainda, através de anticorpos, precipitinas e aglutininas, fantásticos meios de defesa ao organismo e tornando ainda viáveis, processos de vacinação e soroterapia.
Em meio ao imenso palco da natureza, a tão falada seleção natural atua como um maravilhoso mecanismo de restrição,destinado a preservar o status quo (características básicas) de sistemas naturais previamente ajustados, eliminando características a eles estranhas.
Mesmo para casos de ambientes em mudanças, via de regra os seres vivos dispõem de suficiente possibilidade de variação genética para permitir sua sobrevivência em novo ambiente, sem contudo perder as características do seu tipo básico.
Pequenas variações genéticas, engendradas como resposta a variações ambientais e complementada pela seleção natural, antes de conduzirem a novos tipos básicos cada vez mais complexos, permitem a conservação destes mesmos tipos básicos criados, em condições as mais diversas. O resultado é um correspondente aumento de variedade e sem o propalado aumento de complexidade, como foi o caso do predomínio das mariposas cinzentas, em detrimento das brancas, nos ambientes enegrecidos pela revolução industrial.
Vê-se que a própria seleção natural e as pequenas variações observáveis nos seres vivos podem ser facilmente assimiladas numa visão criacionista que assim se constitui num poderoso esquema conceitual para servir de moldura na interpretação dos fatos observáveis.

Teoria do Design Inteligente. Atuando especialmente no campo da biologia molecular, os proponentes desta teoria tem procurado mostrar a impossibilidade estatística de o acaso, mesmo aliado a seleção natural e ao muito tempo, originar certas enzimas, proteínas e maquinas celulares essências a vida.
Enzimas e proteínas são sistemas muito complexos constituídos por dezenas e mesmo centenas de aminoácidos (entre 50 e 300).
Essa complexidade e bem especificada, ou seja, devem estar numa ordem bem especifica, caso contrario não funcionam.
Complexidade e Probabilidade. E lógico concluir que quanto mais complexa a proteína, menor a probabilidade de aminoácidos bem específicos se unirem em certa ordem.
Por exemplo: imaginemos uma fantasticamente grande “sopa” de aminoácidos. Quantas vezes eles devem ser chacoalhados uns contra os outros para acabar formando a cadeia alfa de moléculas da hemoglobina com (4) aminoácidos em certa ordem?
Podemos chamar de eventos o ato de um aminoácido unir-se ao outro para ir formando a proteína ou enzima.
Quantos eventos deveriam ocorrer para finalmente resultar a cadeia alfa?
Para chegar a uma conclusão os proponentes da teoria consideraram o numero total de eventos possíveis em todo o universo durante toda a sua historia, (este e um numero fantasticamente grande) e concluíram que a origem ao acaso de certas proteínas requeria a ocorrência de um numero ainda muito maior de eventos (choques ou interações entre aminoácidos) do que este.
Fazendo um cálculo:
Numero de partículas elementares no universo: 10 elevado a 80 partículas (com 100 bilhões de galáxias)
NB: As partículas elementares acabam formando átomos e moléculas.
Número máximo de eventos ou interações possíveis entre as partículas do universo em um segundo: (tempo de Plunck) 10 elevado a 45 eventos.
Número de segundos de existência de um universo, com idade um bilhão de vezes maior que a presumível idade do nosso universo. 10 elevado a 25 segundos
Multiplicando estes valores:
10 elevado a 80 x 10 elevado a 45 x 10 elevado a 25 = 10 elevado a 150
Este e o numero total de eventos ou interações entre partículas que podem ocorrer em toda historia de um universo um bilhão de vezes mais antigo que o nosso! 10 elevado a 150
Dai concluímos que a probabilidade de ocorrência de uma interação ou evento em tal universo e de 1 em 10150 possibilidades que e numa probabilidade de 10150, chamada de probabilidade limite do universo.
Isso quer dizer que qualquer evento especificado com probabilidade inferior a esta permanecerá improvável em toda a história do universo, ou seja, no caso do acaso, não acorrerá.
Voltando ao exemplo inicial: a formação ao acaso da cadeia alfa da hemoglobina com os aminoácidos na ordem bem especificada requer a ocorrência de bem mais que 10 elevado a 150 eventos ou interações entre os aminoácidos e por isso a sua formação espontânea não ocorreria nem em toda a historia de um universo um bilhão de vezes mais antigo que o nosso.

Conclusão

Complexidades especificadas tão comuns na biologia molecular legislam contra o acaso. Requerem inteligência atrás da sua origem.
Só inteligência pode ordenar sequências complexas tendo em vista um significado, um fim especifico: como por exemplo a hemoglobina.
Complexidade Irredutível também é um argumento utilizado pelos proponentes da teoria.
Conceito. Complexidade irredutível ocorre em um sistema quando ele e constituído por diversas partes inter-relacionadas de tal maneira que a remoção, a falta, ou o mau funcionamento de uma delas torna o sistema inoperante. Um exemplo banal seria o de uma ratoeira e bons exemplos seriam o olho e o cérebro dos seres superiores.
Há, contudo, um bom exemplo apresentado por Michael Behe no seu livro Caixa Preta de Darwin. Trata-se do flagelo bacteriano, um tipo de motor usado por bactérias quando se movem em ambiente aquoso.
E na verdade um motor molecular com rotor, estator (base), eixo de rotação, cujo funcionamento requer a ação coordenada de 30 proteínas complexas e a ausência de qualquer uma delas resulta na perda completa da função do motor.
Parece obvio que as probabilidades neste caso estão muito abaixo da probabilidade limite para o universo. Em outras palavras, o numero de eventos envolvidos na origem espontânea de um flagelo bacteriano e muito maior que o total de eventos possíveis num universo um bilhão de vezes maior que o nosso.
O acaso não poderá originá-lo, só inteligência!
Alguém diria: e se o universo fosse eterno haveria finalmente uma possibilidade?
Contudo e bom lembrar que a lei da entropia legisla contra um universo eterno.
Concluindo: não se sabe que a natureza por si mesma produza sequências ordenadas de cousas com significado... Mas se sabe que a inteligência ordena cousas de tal maneira que signifiquem algo.

Insinuação: Evidências de Planejamento são apenas Aparentes.

Muitos há que mesmo conscientes das evidencias de desígnio, de intencionalidade no mundo, admitem que estas evidências não requerem a existência de um planejador.
Seria o caso de planejamento sem planejador.
Há mais de 200 anos, o famoso cético David Hurne (1711-1776) afirmava: as evidências de desígnio não apontam necessariamente para Deus.
A natureza pode ter em si mesma uma força organizadora que a torna autossuficiente.
No manifesto Humanista redigido na América do Norte em 1933, e assinado por 34 pessoas importantes no cenário intelectual, afirmava-se que o universo é auto existente e não criado, e que o homem é parte da natureza da qual emergiu.
O evolucionista americano George Gaylord Simplon, de Harvard, na sua obra Plano e Propósito na Natureza refere-se ao propósito que impregna a natureza como apenas aparente.
Francis Crick, um dos descobridores da estrutura do DNA, afirma em uma de suas obras: os biólogos não devem esquecer nunca que o que eles veem não foi projetado, mas evolui (What mad pursuit: a personal view of scientific discovery).
Interessante é que no tempo de Issac Newton, William Paley em sua obra Teologia Natural afirmava que planejamento inteligente implicava na existência de um planejador assim como a existência de um relógio implica na existência de um relojoeiro.
Essa ideia de relógio e relojoeiro também foi considerada por Voltaire e dizem que nas suas divagações dizia: assombra-me o universo e eu procuro em vão, crer que exista tal relógio e relojoeiro não.
Recentemente, dentro deste contexto o evolucionista Richard Dawkins escreveu o livro O Relojoeiro Cego, insinuando a existência de um “acaso inteligente”.
Para concluir, convém lembrar que não existe experimento científico capaz de provar que o universo não é resultado de um projeto inteligente.
Há, por outro lado, muitas evidências apontando para a existência de desígnio e planejamento no mundo.
A realidade como um todo não parece ser puramente material e mecânica. O universo não parece ser apenas uma grande máquina. Parece a olhos vistos que atrás e acima da grande máquina, existe uma grande mente.

Tempo, um deus sem estrondo.
Na visão criacionista o tempo surge coma criação e pode ser considerado como uma qualidade do universo que permite distanciar eventos e usar palavras como antes, simultâneo e depois.
Ao distanciar eventos, a ação do tempo é entrópica, ou seja, ocorre o provável que é o desordenamento dos sistemas quando deixados a si.
Já na visão evolucionista, o correr de muito tempo tem poder criador ao prover condições para a atuação do acaso.
O tempo é milagreiro e dado tempo suficiente ao tempo, ocorrem todos os milagres da criação, mas disfarçados atrás de bilhões de anos.
No estranho reinado do tempo sob a égide do acaso acontecem cousas milagrosas como aconteciam a Alice no país das maravilhas!
A matéria inerte se auto-organiza em átomos, moléculas, galáxias, estrelas, planetas, aminoácidos e proteínas. Acontece o aumento natural da ordem e da complexidade e a vida e gerada espontaneamente.
Micro mutações são acumuladas casualmente numa mesma direção a ponto de surgirem novos órgãos, novas funções e finalmente novas espécies, inclusive o homem.
O tempo com poder criador faz os mesmos milagres da criação, mas vagarosamente, imperceptivelmente. E um deus sem estrondo, como querem os que detestam a ideia de um Deus criador Todo-Poderoso.

Muito mais poderia ser considerado tendo em vista construir uma visão criacionista do mundo. Contudo, os elementos mencionados permitem reflexão e levam a concluir, que o criacionismo é uma opção séria e digna de crédito para quem quer construir visões.
A visão naturalista, em voga nos meios intelectuais e nas universidades, também assenta sobre uma trindade criadora: acaso, tempo e seleção natural.
O problema está em mostrar como sua atuação permitiu a origem do mundo, das cousas e dos seres.
O acaso é cego e marcado pela improbabilidade.
O tempo, especialmente o correr de muito tempo, é tido como sendo capaz de tornar provável o improvável. É verdade que o correr do tempo aumenta as probabilidades, mas ainda assim, no caso de probabilidades praticamente nulas, as leis estatísticas conspiram fortemente contra esses deuses milagreiros. Isso sem esquecer que o tempo marca tudo com decrepitude.
Quanto a seleção natural, sabe-se muito bem do que ela é capaz e seria bom perguntar quando, numa presumível história de evolução desde partículas, moléculas até seres e gente, ela teria começado a operar e por que.
A visão naturalista, tanto quanto a visão criacionista, são emolduradas por pressuposições e atos de crença. A opção dependeria muito da formação, do contexto vivencial e da estrutura mental de cada um. E só pensar e escolher!